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Filme "A vida invisível"

O filme baseia-se no romance de estreia da jornalista pernambucana Martha Batalha, “A vida invisível de Eurídice Gusmão” (2015, Companhia das Letras), que conta a história de mulheres que tiveram vidas (literalmente) invisíveis em seus casamentos. Isso ocorre por conta da sociedade patriarcal, que tem forte presença no país e, principalmente, no Nordeste.

   O elenco do filme é bastante notável. Fernanda Montenegro como atriz convidada e Gregório Duvivier como o marido de Eurídice (Carol Duarte) - que cerceia todos os seus movimentos.

   Gregório afirma: “usei as roupas do meu avô e convoquei uma ancestralidade de opressão. Depois das filmagens chegava em casa e chorava. O pior desse marido tradicional, tão péssimo, é que quase todos são assim. A família real não cabe no estereótipo da família margarina [clichê da publicidade]”.

    Karim Aïnouz, diretor do filme, abraça o melodrama para “enfiar o dedo na ferida” das relações patriarcais. O longa é sobre o que poderia ter sido se não existisse o patriarcado. Os homens são apenas agentes daquele que é o maior vilão da história: o machismo estrutural. 

   Brincando com jogos de luz e sombra, figurinos e enquadramentos de câmera, o melodrama consegue trazer à tona questões de classe e gênero sem que precisem ser faladas, de fato, pelos personagens. Ao contrário de séries como Coisa Mais Linda, ambientada na mesma época que A Vida Invisível, não é preciso gritar “Machismo!” para que saibamos o que está acontecendo. Assim, o grande diferencial do filme é mostrar o machismo em todos os lugares, por meio de um fabuloso trabalho de fotografia, trilha sonora e atuações.

Acho que vale a pena assistir ao filme, não?