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Os desafios do setor supermercadista diante da COVID-19

A mudança de rotina imposta pelo isolamento social trouxe uma série de impactos no hábito de consumo da população e no setor supermercadista.

No primeiro momento, houve uma grande corrida de pessoas aos supermercados para estocar alimentos, seguindo o padrão de comportamento de consumo no exterior, o que gerou a superlotação e, em alguns supermercados, a escassez de produtos de limpeza e higiene pessoal, como álcool em gel, água sanitária e papel-higiênico.

Nas duas primeiras semanas, o setor supermercadista registrou um pico de 60% no aumento de vendas. A alimentação representou a categoria com o maior aumento de gastos: 49% das pessoas aumentaram seus gastos com comida.

Segundo um levantamento da Opinion Box, desde a primeira onda da pandemia, as pesquisas mostraram que as pessoas têm ido cada vez mais ao supermercado. Se, no primeiro momento, 31% deixaram de sair para fazer compras, agora, 5 semanas depois, esse número caiu para 17%.

Um ponto importante a ser mencionado é que houve grandes mudanças nos hábitos de compras: 44% das pessoas diminuíram a frequência de idas ao supermercado, 34% diminuíram o tempo dentro do estabelecimento e 26% estão adquirindo mais itens a cada compra. Além disso, 21% mudaram o horário que costumavam fazer compras, 18% mudaram o local de compras e 17% mudaram o dia da semana que fazem as compras.

Dentre os fatores que influenciam a escolha do local de compras, o preço ainda é o mais determinante, mas novos fatores entraram na decisão: 54% das pessoas estão atentas às medidas de prevenção contra a COVID-19 adotadas pelos estabelecimentos, 52% consideram a higiene do local um fator essencial, enquanto 48% estão em busca de estabelecimentos mais vazios.

Por outro lado, vimos um enorme desafio dos supermercadistas em se adaptar às novas medidas impostas pelos órgãos governamentais. Um exemplo disso é a indicação do uso de máscaras que, primeiramente, foi apenas para os profissionais da saúde e, posteriormente, estendeu-se para os funcionários desse setor, devido ao movimento nas redes sociais pedindo o seu uso.

Aos poucos, medidas mais rigorosas foram impostas ao setor. Em pouco tempo, os supermercadistas tiveram de providenciar para toda a sua rede protetores de acrílico, adesivos de chão indicando a distância mínima entre um cliente e outro, higienização dos carrinhos, sanitização das lojas, disponibilização de álcool em gel para o público e outras medidas. 

Imagina o desafio de comprar milhares de máscaras para funcionários, sendo de 3 a 5 máscaras para cada um, em um curto prazo e com a escassez desse produto no mercado? Batemos o tempo recorde de produção, entrega e implementação de todo esse novo processo em todo o setor. Foi uma corrida contra o tempo, comitês de crise foram formados pelos gestores para agilizar a tomada de decisões.

Apesar dos supermercados terem implementado essas medidas, houve resistência da população em seguir e compreender algumas regras. Alguns clientes mais observadores e exigentes em relação às ações de proteção muitas vezes não adotaram as medidas sugeridas. Além de toda a pressão dos órgãos governamentais, da mídia, dos funcionários, da população e dos sindicatos, os gestores da área tiveram de afastar funcionários pertencentes ao grupo de risco e enfrentar o desafio de trabalhar com uma equipe reduzida diante de um aumento de fluxo de clientes nas lojas. Mesmo assim, em pouco tempo, o setor conseguiu se adaptar à nova situação.

Nos momentos de crise é que se evolui com maior agilidade. Em meio a tudo isso, muitos supermercados ampliaram suas vendas para o digital, fizeram parcerias com aplicativos de delivery, marketplaces e até criaram e-commerces.

Por aqui, seguimos esperançosos que essas boas medidas adotadas neste período de pandemia se mantenham no nosso novo normal.